quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Textos que nunca terminei #2

Daniel

Gemidos baixinhos enquanto Daniel se masturbava, assistindo uma garota maravilhosa pela internet. Sua mente corria por todo o corpo moreno, queimado de sol, de Carolina. E só parou quando ela avisou que já estava de saída. Ele apenas fechou os olhos e deixou que a imaginação terminasse o trabalho. Nu na cadeira, jogou a cabeça para trás e gozou sobre sua barriga muito bem definida.
Ainda respirando forte e ritmado, procurou algo a sua volta. Encontrou uma garrafinha de Amarula vazia, que havia ganhado de Pedro, seu colega de quarto, junto com mais três garrafinhas. Miniaturas de cachaça, tequila e vodka. Uma delícia.
Coletou delicadamente tudo o que havia liberado e apertou forte a garrafinha. Ainda sujo, levantou-se, foi até o banheiro que havia dentro do quarto, pegou um pedaço de papel e limpou-se. Foi até a janela e acendeu um cigarro, fumou olhando a praia. Sua praia, como ele gostava de imaginar. Cada pedacinho daquela orla era dele, por direito adquirido.
Gostava do mar, gostava do cheiro do mar. Lembrava de sua infância e de quando ia com sua família navegar. Seus pais sempre foram muito bem afortunados e o iate da família não parava um final de semana sequer na marina. Ele tinha uma Polaroid e tirava fotos de todos os momentos. Dos peixes que seu pai pescava, de sua mãe com a bóia em alto mar, de seu irmão menor, dos detalhes do barco, do céu, das nuvens. Do que surgisse.
Hoje, aquelas e tantas outras fotografias estavam em caixas, muito bem guardadas. A mãe de Daniel descobriu logo a beleza do filho era única e de futuro fotógrafo, passou a ser o fotografado. Books e mais books feitos à custa de seus pais. Desfilou inúmeras vezes. A família era bem relacionada e convites não faltavam. ‘Menos televisão’, dizia sua mãe, ‘Meu filho é pra ser admirado, não vendido’. Era um conceito louco que ela tinha. Não adiantava discutir. Moda era arte o resto era feira.
Apagou o cigarro num cinzeiro que ficava numa cômoda próxima à janela e foi novamente ao banheiro. Ligou o chuveiro. Água gelada. Entrou delicadamente, deixando cada filete d’água tocar seu corpo trabalhado. Passou a mão pelo peitoral, se ensaboou com sabonete líquido e uma esponja macia. Lavou seus cabelos castanho-claros, queimados naturalmente do sol nas pontas. Desligou a água após um tempo e bagunçou os cabelos, molhando tudo a sua volta.
A água respingou no espelho acima da pia, pelo chão, pelo vaso e pelo outro garoto que o estava seguindo o tempo todo pelo quarto, com sua filmadora à mão.
‘E corta’
Daniel sorriu e pegou a toalha branca, que estava pendurada ali perto. Sorriu e fez um cafuné, bagunçando um pouco mais os cachinhos de Yuri, seu colega de quarto, que estava quase deitado no chão do banheiro, buscando um ângulo diferente do comum.
Saindo pela porta do banheiro, ainda enxugando o cabelo, pegou uma sunga qualquer da sua primeira gaveta, uma camiseta preta e uma bermuda xadrez. Ajeitou o cabelo rápido, sem se olhar e saiu.
- A Carol ta chegando, vou comprar um cigarro e encontro vocês no Tranquêra.
-Ok.

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