quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Um último tiro no escuro.



- Ela viria cedo, se viesse. Ela sabe que se demorar, não entra. Se não veio até agora é porque não quer vir. Ou quer ter certeza de que não vai dar pra entrar.
- Você não sabe disso.
- Sim, eu sei sim.
- Vocês precisam se resolver, mas ainda assim, não aqui. Ninguém quer ter DR no meio da festa. Ou vão ficar os dois chorando, ou ainda mais brigados.
- A gente nunca brigou.
- Brigados, desentendidos, afastados... use a que quiser.
- ...
- E para de olhar pra lá, ela vem desse lado.
- Não, ela vem desse agora.
- Mas ela mora pra lá.
- Mas quando ela ta de carro, ou taxi, ou carona, ela vem por aqui.
- Como você pode saber disso?
- Eu só sei.
(...)


E veio, com aquele seu jeitinho de andar meio pulandinho, com o jeito que só ela prende o cabelo, fuçando nas pontinhas da mecha que sempre fica caída em seus ombros. Ela sempre fica enrolando o cabelo quando ta high. Ou nervosa demais. Ou os dois. Um oi. Dois ois. Ufa, três ois.

Eu queria abraçá-la por mais tempo. Perguntar se ta tudo bem mesmo, porque meu medo é de que não esteja. E se estiver tão errado quanto está pra mim, não sei se ela agüentaria. Mas ela parece estar bem. Então, é, só eu que estou sentindo falta do que eu nunca quis perder. Aliás, sentindo falta de alguém que eu admirei desde o primeiro momento. Até confundir sentimento já confundi.

Se declarar pra amigo é coisa difícil e que poucos corajosos arriscam fazer. Mas de todos os meus segredos, o único que eu não consigo esconder é o que estou sentindo. Falei na época e ouvi o que não queria, mas já esperava. Com o tempo vai passar – eu pensava. Não passou. Pelo contrário, só aumentou. Aumentou mais do que uma simples paixão, cresceu para um amor maior, que não cabe só no coração. Ele se espalha para seu corpo todo, para sua mente, para sua alma. A mais pura amizade. E de repente você não entende como sua vida pode um dia fazer sentido sem aquela amizade gostosa, pra quem você corre todo dia para contar absolutamente tudo. Enxergando sincronia em tudo o que é dito, em tudo o que é vivido.

Só que isso nos é tirado como se um ladrão, passando de bicicleta, puxasse seu colar. Primeiro o baque, sem entender o que está acontecendo. Depois você nota que algo está faltando, sem ainda entender você fica com raiva, muita raiva. Até que você entende que não pode fazer mais nada. O colar se foi. Você estará com ele em fotos, você se lembrará de como ficava bem com ele, de quantos momentos ele esteve com você. Quantos segredos ele não vivenciou com você? O que ele sabe? O que ele NÃO sabe?

Tanto pra se falar e apenas duas frases proferidas. Costas viradas, conversas em baixo tom. Um beijo, dois beijos. Nada de três dessa vez. Não sei, talvez ela não consiga mesmo se despedir. Minha vontade era sair correndo e agarrá-la pelo braço, forçar um abraço para que ela perdesse o ar. E com lágrimas nos olhos implorar por uma resposta. O que diabos aconteceu?

Mas eu já tentei isso. DUAS VEZES. E nenhuma resposta. Uma terceira vez seria emocionalmente desgastante demais e eu não sei, sinceramente, o que eu poderia fazer depois. Comigo, eu digo. Com ela eu nunca desejei nem nunca desejarei mal algum. Ela sabe disso. ELA SABE. Aliás, o que ela NÃO sabe?

O mais difícil é que quase ninguém sabe de metade do que está acontecendo. Então todos querem saber como ela está. E se a gente se viu. E se foi incrível. E por quê isso ou aquilo não aconteceu. Um suspiro longo, um sorriso amarelo e uma estratégica mudança de assunto. Sempre funciona. Ninguém quer de fato saber das coisas da sua vida. As pessoas só gostam de demonstrar que SABEM um pouco da sua vida. Por isso citam nomes e te lembram de alguma ocasião. As únicas exceções são essas pessoas, como ela, que não precisam perguntar se você ta bem, porque ela sabe. E que não precisa de permissão pra contar que ta passando pelo paraíso, ou pelo inferno. Você estará sempre lá e ela estará sempre lá... não é? Parece que não.

E o mais injusto que é outras pessoas que você ama tanto quanto, são obrigadas a ficar ouvindo seus questionamentos quanto a tudo o que está acontecendo. E elas se sentem incapazes e, talvez, até inferiorizadas, pelo amor delas não bastar. Mas não é questão de quantidade de amor. Não há ‘amar de mais’ ou ‘amar de menos’. Amar só tem uma medida. E se você consegue amar alguém mais, ou menos, é porque você não ama at all.

Eu só precisava desabafar, porque fazer eu não sei se ainda me resta algo além de sms, e-mail, MSN e presença física depois de viagem interestadual. Penso em telepatia. Na pior das hipóteses, fico te perturbando de longe, como eu sempre fiz. E você nunca pareceu se importar.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

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Que eu amo Curitiba não é novidade nenhuma. Mas eu acho incrível como cada vez que eu vou pra lá eu volto mais e mais apaixonado. Com mais vontade de mudar minha vida, com mais vontade de mudar PRA LÁ. Hahaha

Eu estava super preocupado com essa viagem, ou melhor, apreensivo. Não sei. Muita coisa ta diferente desde a última vez que eu pisei por lá. Fiquei com medo do que poderia acontecer e do que poderia ~não~ acontecer. Eu estava rodeado de pessoas que eu amo e isso já me basta para que entre no meu top melhores momentos em vida. Mas eu devo admitir que não ter alguém com quem a gente está acostumado a ter ao nosso lado o tempo todo é horrível. É quase o mesmo sentimento de quando se está apaixonado, aquela sensação de que a pessoa irá saltar detrás de alguma coluna no shopping, ou vai passar de carro, ou vai atravessar a rua bem na sua frente. Sabe? Não desejo pra ninguém.

Eu poderia sim fazer um post gigante com tudo o que aconteceu, mas vou deixar que um vídeo Windows movie maker total diga por mim como foi um pouco desta viagem. Só tenho pra dizer que Batalha de Ipods é meu novo conceito de disputa, Volley é meu novo esporte favorito e agora é oficial, só gosto de gente mais velha.


Detalhe que fiquei EM CRISE pra escolher a música pra trilha sonora. Mas se fosse pra rolar uma playlist, seria esta:
AH, SEM ESQUECER DESSES DOIS CLÁSSICOS DA MPB

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

tchau, guaralhos.

Tenho uma nova concepção de vida, que diz que todo mundo precisa se mudar ao menos uma vez na vida. O que eu acho até meio que inevitável, porque oi, uma hora você vai ter que no mínimo abrir suas lindas e longas asas e voar pra longe de papai e mamãe, porque crescer faz bem. O que não é o meu caso, porque minhas asas ainda não são longas o suficiente. Ou mesmo que você viva com seus pais até que eles pereçam, seria legal respirar novos ares e se arriscar um pouco, não acha? Conquistar o que é seu e não o que foi deixado pra você. Just saying. O que também não é meu caso.

Eu estou me mudando dessa vez por falta de espaço mesmo, minha mãe que mais parece trabalhar pro serviço de menores abandonados, acabou por abrigar há uns anos atrás duas primas minhas que estavam numa fase difícil. Até aí tudo bem, nada contra, super apoiei, porque meu sangue tava no rolo também, família é pra essas coisas e etc.

Só que minha mãe esqueceu que ela não ta no mundo mágico, ela fez multiplicar os pães e os peixes, fez a água virar vinho e ta até curando os doentes, mas o feitiço extensor foi um pouco demais pra ela e daí foi ponto pra realidade, PONTO!

Não estou reclamando. Era um inferno dormir na sala e perder toda a minha privacidade? Era. Mas eu abri mão disso, não ela. Eu fiz questão disso na época e não me arrependo. Porque infelizmente todo mundo é assim, todos nós precisamos perder uma ou duas coisas pra sentir falta delas. É a vida acontecendo, senta aí e relaxa.

Só que todo mundo já estava estressado, um humilde apartamento onde sete pessoas moram, com um banheiro e uma das pessoas (oi, tudo bom?) dormindo na sala é meio complicado, incômodo e causa desconforto pra todo mundo. Sem mencionar os horários. Um acorda às 4:30, outro às 6:00, outro às 7:00. O horário da escola das crianças, fazer almoço pra todo mundo, dor de barriga conjunta... São tantos fatores que não sei nem enumerar, mas é algo que se imagine fácil, tenho certeza de que não é necessário fumar nenhum baseado pra pegar uma brisa louca e assim imaginar esta loucura. O processo é simples.

Bom, daí que finalmente resolvemos nos mudar, fizemos contas e mais contas, porque né, rico a gente não é pra sair por aí comprando casa e mobiliando. Rola toda uma dificuldade de planejamento. Mesmo tendo dois administradores em casa. Um quase formado (oi, tudo jóia?).

Depois de muito procurar, achamos. O bairro é legal, é perto (veja que tudo se torna perto quando você morava a no mínimo duas horas de qualquer coisa legal que se tenha pra fazer) de metrô, do nosso trabalho e o mais importante: estamos na civilização. Não que Guarulhos não fosse, muito pelo contrário. A oitava economia do país (sono) vai muito bem, obrigado. Até bilhete único ela tem agora. Cidade grande com tudo o que alguém precisa, nem sempre com tudo o que se quer, diga-se de passagem. O que mais vislumbra alguém por morar em São Paulo é você poder ter opções. Ótimo que outras cidades têm de tudo. São Paulo tem várias opções do tudo. E é isso o que eu quero, desculpa, sou assim, fútil. AI TEM UM ÓTIMO BAR EM GUARULHOS QUE EU AMO SUPER DESCOLADO. Lindo, mas Sampa tem oito desse estilo e eu escolho um ou outro dependendo do dia, se quero sentar em mesa de vidro, ou mesa de madeira. Entende?

Passado essa discussão até mesmo em casa, porque nego ainda achava que Guarulhos compensava, passada a escolha das casas, passados os cálculos, passado tudo, fechamos o negócio aqui. Ufa, pronto, acabou o pesadelo! Certo? Errado.

Você não sabe o quanto você tem até que você tenha que embalar tudo. Embalar é uma arte. EU SEI EU SEI, liga na Granero que ó, eles vêm, embalam tudo, entregam na casa nova e BANG, sua vida nova ta pronta pra começar. Mas daí a conta sobe vários mil reais, não sei se te contaram. Corte de gastos, vamo lá.

Delícia é você realizar a muvuca em que a gente estava vivendo, daí você imagina tudo fora dos armários e encaixotado. NUM.FUCKING.APÊ. Not funny. Se alguém espirrar, tudo cai. Chega a ser engraçado. Eu me divirto. Mas eu me divirto com tudo, aprendi a ser assim. Daí pra mim ta tudo lindo, mas a tensão entre os outros participantes desse reality show chamado minha vida é tão grande que logo eles vão combinar voto na caruda e deixar o público decidir.

Gostoso mesmo é ir em lojas de construção pra escolher tintas e coisinhas desse tipo. Gostoso é ir nessas lojas de decoração pra ver os móveis, os frufrus, os tudo lindo. Desgostoso é ver seu cartão de crédito. Desgostoso é ver que, é, não vai dar pra levar tudo isso não, bora rever issaê.

Parabéns, se você chegou até esse ponto, você já valorizou cada coisinha velha e útil da sua casa antiga, você já valorizou que porra, você tem coisa pra caramba, porque ainda tem coisa fora da caixa e logo, logo, tem caminhão de mudança encostando na tua porta. Você valorizou seu bairro, porque a padaria de lá é uma quadra mais longe. Etceteras infinitos.

Seu sonho agora vai ser que o Luciano Huck rasgue a pele do seu pai e saia falando que opa, é tudo pegadinha, na verdade a sua casa ta sendo construída em outro lugar e vocês agora vão todos passar uma semaninha no Beach Park enquanto a gente resolve umas paradas aí pra vocês. Loucura, Loucura, Loucura.

Mas não. A outra casa ta lá ainda meio crua e seu pai vai precisar de ajuda, sabe? Aí você vai ter que pintar seu quarto AND o dos outros. E aí começa o processo de valorizar a nova casa. Você nota que, porra, a casa é grande pra caralho, ein. Você de repente nota que teu quarto é gigante e pintar a porra do gesso de cinco centímetros de uma cor e a parede de outra é um desafio de uma dificuldade e paciência, que você quase entende os vários dinheiros que o pintor profissional pede pra pintar bonitinho o que, oi, nem é dele. Meu pai já trabalhou com pintura, então ele tem as manhas, mas ainda assim, eu só nos retoques e fiquei exausto. Ele com seus sessenta e uns anos deve estar morto.

Pintamos, ta tudo lindo agora. Daí, claro, surge outro problema. A gente pegou a chave daqui faz umas duas semanas. Uma semana pra fazer o mais grosso, e daí não foi a gente, a outra semana a gente colocou os detalhes mais mimimis, ok. E desde sexta que a gente ta aqui, aguardando o povo da luz vir ligar o caralho da energia elétrica. QUE DIFICULDADE, SENHOR. Ligamos na segunda feira e a mocinha informou que, olha, passou gente sim, mas o portão tava fechado. ESCUTA. Quem hoje dia deixa o portão aberto? Ela não assiste aos noticiários? Minha mãe assiste e olha, não ta nada bonito aí fora. O cara que vem não sabe bater no portão? Bater palmas? Gritar ô de casa? Ou será que ele foi lindo o suficiente e só tocou a campainha? Nunca saberemos. O que fode é que a gente não saiu daqui. A sacada ta aberta, a gente respira e faz eco pela casa toda. NÃO HÁ A POSSIBILIDADE de se achar que não tem ninguém aqui. A gente ainda acha que tão enrolando a gente e passou ninguém aqui não.

Informaram que hoje vem alguém. Oremos. Depois do nervoso e horas perdidas, descobrimos que se for alguém lá pessoalmente tem como agendar um horário. Mas oi, todo mundo trabalha, olha a nossa cara de estou indo lá pessoalmente. Não vai rolar. Ok, eu estou de férias, mas porra, eu já to trabalhando o suficiente aqui, to afim de ir até a pqp pra marcar horário não. Não me olhe desse jeito. Se nego falou que em dois dias úteis vinham, deveriam ter vindo.

Hoje tem uma tia limpando aqui, tirando o pó das reforminhas, lavando os vidros e tudo mais. Amanhã terminamos de embalar as coisas e sexta está programado pra gente se mudar. Mas já ouvi dizer que talvez seja sábado pela manhã. O que pra mim não faz diferença, porque sexta pela manhã estou indo pra Curitiba porque oi, eu estou de férias e não fériei ainda. Ou vocês pensaram que eu ficaria nesse caos de mudança a vida toda?

Mentira, não foi nada premeditado, eu já tinha comprado as passagens faz tempo, me deixa ser feliz. Sei que a maioria das MINHAS coisas já estão embaladas - e BEM embaladas, porque eu já avisei que quando eu chegar quero ver tudo como eu deixei: dentro das caixas. Porque quem não deve, não teme. E eu devo, temo e to desesperado. Mas confio.

Não vejo a hora desse embala-desembala acabar, pra que tudo possa, enfim, começar. Sabe quando você sente que dessa vez vai tudo mudar de verdade? Uma mudança física que vai desenfrear várias outras mudanças?

Eu num geral gosto de mudanças, acho que é o que nos faz viver. Viver estagnado é triste e eu não quero isso pra mim, nem pra ninguém. Dou o maior suporte pra todo mundo que vem me dizer que ta querendo mudar de emprego, de vida, de namorado, de sexo... Estamos dando um pulo no escuro e enchendo nossos cus de dívidas monstruosas, mas é assim que o mundo gira.

E mesmo com tanta coisa dando errado na minha vida, agora eu posso dizer, que olha, to feliz. To animado, to inspirado. Aquele sentimento de mudar o mundo, sabe? De que no final, vai sim dar tudo muito certo. Só não pode acabar a bateria do note.