terça-feira, 30 de novembro de 2010

Marido e Mulher.


Tem uma coisa que eu preciso falar.

Sábado foi o casamento no civil da minha prima de dezessete anos. Dezessete anos. Completos no dia anterior do casório. O noivo tem dezenove, completos dois dias antes.
Eu lembro do dia em que contaram do casamento pra mim, sabe. Final do ano passado. E eu fiquei tão bravo, tão possesso, tão... irritado. Como assim ela iria casar?

Ela foi a primeira prima que nasceu depois de mim, então meio que foi a primeira pessoa que eu acompanhei depois de nascer, entende? Uma coisa meio fraternal, quase paterno. A gente vivia saindo na porrada quando pivetes, coisa de criança. Sempre achei que ela era agitada demais, imponente demais, esperta demais...

Desde cedo namoradeira. Primeiro erro meu: achar que ela seria dessas desprendidas. Eu jurava que ainda iria curtir balada com ela, que a gente ia se divertir muito nas noitadas da vida. Afinal, quando menores a gente passou tanto tempo junto, a gente amava dançar. Acho que era o único momento que a gente não brigava, porque naquele momento não era competição, eramos só os dois tendo que fazer tudo igual e se divertindo.

Só sei que na minha cabeça eu estava decidido a impedir a este casamento. Eu queria conversar com ela, falar e mostrar o tanto do mundo que ela estava perdendo. Que se casar é um erro e que ela ainda precisaria viver muito pra casar! Conhecer mais pessoas. Melhores ou piores, não sei. Mas definitivamente mais pessoas. Levar um tapinha ou dois da vida!

Eu não tenho, nem nunca tive nada contra o rapaz. Mas ele – um - não é bonito e – dois - não é rico. Então eu n-ã-o e-n-t-e-n-d-o pra quê toda essa pressa. A mãe dela é de fato um inferno, mas convenhamos, qual não consegue ser? Há outros meios de se desviar disso sem ter que rasgar sua certidão de nascimento.

E assim ficou. Todo um discurso pronto na minha mente. Coragem que é bom pra dizer tudo isso na cara nunca me veio e o tempo foi passando. O ano voou e quando eu notei, faltavam apenas uns três meses pro casamento e aí que o tal tapinha da vida veio. Só que não só pra ela, o filho da puta também veio pra mim.

Cheguei em casa e vi minha mãe com o olho inchado e disse que depois precisava conversar. Tremi. Porque quem deve, teme. Sou desses. E então depois que foi todo mundo dormir ela veio me contar, que minha prima veio em casa, pra pedir que meus pais fossem padrinhos de casamento dela. E meu pai, delicado as usual, disse que não iria participar daquela palhaçada, que não ia empurrá-la pro buraco e que se ela estava querendo se foder, que fosse sozinha, que dele ela não teria a companhia e apoio, que o que ela estava fazendo não se fazia com um pai (dela. que é contra, mas não se impõe, só sofre e desabafa com a gente) e que se ela era tão dona da própria vida, que casasse sozinha, sem ninguém da família.

Choro. Minha mãe falou que ela estava até sem reação. De todos, ela certamente não esperava isso do meu pai, que é um cavalo, mas né? Limites. E pra completar, minha mãe ainda contou que um outro casal de primos também não havia aceitado ser padrinhos de casamento dela. Quer dizer, família que é bom, nada. Mas até aí, qualquer um pode se negar a fazer alguma coisa, né? Foi meu primeiro pensamento. E então ela me diz, que pediu pra minha madrinha, que tem o namorado mais chato do mundo, pra ser madrinha na igreja pelo menos. E minha madrinha disse que iria, mas comigo, porque com o namoradocu dela, não iria acontecer, por todos os motivos que toda a minha família já conhece.

Eu já fui logo botando banca de E-PA PÓ-PÁ-RÁ com isso aí que comigo ninguém tinha falado nada e que eu também poderia falar não. E aí chega minha madrinha em casa. E minha mãe conta pra ela que meu pai falou bobagens e magoou a menina. E aí ela solta uma simples frase: a vida é dela. Sério, a vida É dela. E ok, ninguém precisa fazer parte disso se não tiver a fim, mas daí eu tive que concordar, a família pelo menos deveria estar ali pra apoiar, né?

E o que mais me doeu foi me ver dentro daquela situação. Então assim, nego acha que determinada coisa é errada e que fará mal pra fulano. O que fazer? Pô, bora todo mundo virar as costas e quando ela se foder, a gente diz que VIU, POR ISSO QUE EU NÃO TAVA LÁ CONTIGO.

Doeu quando eu percebi que esse meu preconceito com casamento me cegou de uma forma, que eu me senti no direito de julgar minha prima e supor que eu era muito melhor do que ela só por ver aquela situação do lado de fora e que eu podia meter o dedo e decidir coisas. E que eu poderia mudar coisas. Exatamente a situação que eu mais detesto no mundo. É como meus pais se virassem pra mim e dizessem que não, eu não poderia ser gay. E que é errado e que não vai dar certo e que desculpaê, eles não vão poder fazer parte disso não. E não só meus pais, minha família toda. A família toda sempre falou barbaridades por detrás das costas da menina que só queria uma coisa: casar. E eu? O que será que não falam de mim por aí, que até hoje não apareci com namorada em casa? Nojo desse mundo.

Nojo de mim, sentimento de culpa eterno por estar do outro lado dessa vez, deste lado preconceituoso da história. E perceber que a gente não nota o quanto pode estar errado é assustador demais pra mim. Eu não sei se esse casamento vai dar certo, eles podem ficar juntos três meses e se separar, assim como podem ser felizes e passar a vida toda como um casal exemplo. Mas isso não tem ninguém pra falar, é só a convivência. E mesmo que seja uma certeza absoluta de ato falho, levando em conta que a gente conhece a cabeça dos dois e a gente sabe que quando as contas começam a chegar a fantasia acaba. E DAÍ? É o que ela quer. E a única coisa que ela pediu foi a presença das pessoas ao lado dela nessa decisão. E tanta gente se negou...

A cerimônia na igreja ainda não aconteceu, mas para a lei ela já é uma senhora casada. Fotografei o momento no sábado. Os padrinhos dele foram primos, os dela foram amigos da igreja. Porque nenhum ‘casal’ da nossa família aceitou. Na igreja eu estarei no altar com a minha madrinha. Orgulhoso por essa coragem dela de enfrentar o mundo pra conseguir seja lá o que ela esteja querendo. E torcendo do fundo do coração para que eles sejam felizes de verdade e que juntos consigam se erguer quando preciso. E se nada der certo mesmo, eu também estarei lá pra encaminhá-la pro bar mais próximo.

Nesse momento eu não sei dizer o que eu penso mais sobre o casamento em si, mas eu sei que quando eu vejo noivos agora, me passa na cabeça que naquele exato momento é o que eles querem. E que assim seja! Ponto.

domingo, 7 de novembro de 2010

Like the 4th of July.

To tão apaixonado por Firework da Katy Perry, que não resisti e fiz alguns gifs só pra eu ficar revendo eternamente:





Mas não se preocupe, Ke$ha. As três que vazaram de Cannibal me animam muito mais.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Holidays


Quero um amor desses.
E uma câmera daquelas também, se não for pedir demais.