segunda-feira, 29 de agosto de 2011

#012


Parece piada, mas não é:
Hoje um louco me entra na lateral do carro, a pé, sozinho, debatendo sua sacola contra o vidro.
Susto pra uma vida inteira. Quero mais falar nisso não. Cantar pra espantar os males, que ganho mais!

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

and i'll change it all again


Eu nunca quis ser nada. Sério, ainda não quero. E tenho uma certeza de que nunca vou querer. Todo mundo que eu conhecia queria ser alguma coisa. Isso me frustrava, porque além de TODAS AS OUTRAS COISAS que a sociedade teimava em afirmar que eu não me encaixava, ainda tinha mais essa. Que vidinha de merda, ein, moço.

Algum psicólogo algum dia talvez possa explicar, mas eu nunca gostei de ser o melhor em nada. Desde super pequeno eu gostava de nadar. AMAVA, na real. Ainda gosto, mas deixa isso pra outro post... Então, eu era um super peixinho lindo, que freqüentava o clube com a Madrinha. Comecei a ter aulas dessa delícia e amava ir lá brincar com aquelas pranchinhas amarelas ridículas. Depois de pouco tempo, me botaram na piscina funda e falaram que eu tava bom é pra competir. CALMA, O QUE? Tão lindo que todo mundo amou, tão triste que na hora eu quis parar de nadar. ME DEIXA, não quero medalhas, só quero ficar aqui com minha pranchinha amarela onde me dá pé, valeu aí, vou dispensar a borboleta.

Talvez tenha a ver com a escola também. Quando estudava em escola pública eu era o melhor do mundo da minha sala. Sem brincadeira nenhuma, os professores me amavam, minha mãe ia toda orgulhosa em reunião de pais e a vida era boa. Quando eu entrei em escola particular eu vi que bem, eu não era tão bom assim não. Aliás, eu tava bem atrasado em relação à galera. Baque profundo. Daí eu acho – to supondo, ta, não sou psicólogo, sou jornalista – que isso me afetou tanto que eu simplesmente não conseguia mais mostrar absolutamente nada que eu produzia.

De um desenhinho babaca até uma prova de matemática. Nem minhas notas eu gostava que vissem. Fosse um 10 ou um 5,5 que com a participação arredondava pra 6 e eu tava salvo. Não me orgulho do fato, mas o medo de alguém ser melhor em algo que você é assustador demais pra mim. Eu não soube MESMO lidar com isso. Ignorância é o melhor caminho, a gente não sabe, a gente não sente... a gente vive mega di bouas.

Uma vez teve um concurso de frases bonitinhas sobre meio ambiente (SEI LÁ) e daí valia nota e eu acabei entregando. Publicaram na agenda de todos os alunos no ano seguinte, com.meu.nome.embaixo. A vontade era enfiar a cara pelo cu e morrer de vergonha, sufocado, mas depois de uns meses ninguém mais notava. Quibom.

Tudo isso pra chegar a um ponto: Se eu não curto muito nem ser visto com coroas e confetes, imagina como eu me sinto quando alguma coisa não dá certo. Quando eu falho feio. Quando dá bosta. Quando a vida te fode gostoso.

E claro, pra desviar de tudo isso, meu humor muito adulto e sofisticado sempre ajudou a desviar a atenção e enquanto todos riem, escondo a sujeira debaixo do meu tapete, que ta ficando meio alto já, de tanta tranqueira acumulada.

Eu já fui muito menos aberto (no pun intended). As amigues do tempo de ensino médio sempre reclamavam... que eu sabia até o desenho da depilação intima delas e de mim ninguém sabia nada. E não tinha nada mesmo pra saber, eu sempre fui desinteressante.

Fui começar a ser verdadeiro com os outros – e comigo – quando conheci gente de longe, ou pelo menos, que pareciam estar tão longe. E hoje em dia são as mais próximas. No sentido necessário da palavra. Engraçado.

Muita informação, né. Nessa brincadeira de esconder quem a gente é, a gente se confunde e esquece do que a gente de fato gosta e quer pra gente. Voltando mais um pouco no tempo, primeiro orgulhinho foi eu ser quase uma Matilda. Li super cedo, parava na rua pra ficar lendo placa. Tonto. Mamãe amava. Tantos livrinhos infantis... coisa bonita de se ver. Hoje não leio nem o cupom fiscal de alguma compra pra ter certeza que não estão me cobrando a mais. Ok, mentira. Mas é que DE FATO, não leio lá muita coisa produtiva. Só tenho lido bobagens, mas é mais pela necessidade de usar isso como uma forma de me desligar dos compromissos. Ah, os compromissos. Logo mais volto neles.

Daí que nessas indas e vindas de personalidade e vida, subentendi que é, o que eu poderia arriscar fazer era investir em alguma coisa ligada à isso. Humanas. É, acho que é pra mim. No ensino médio tinha a Nathi ao meu lado, toda Humanas também. Ela tinha certeza de que queria ser jornalista. Eu não tinha tanta assim, mas me envolvi. Ainda tava na dúvida, porque: eu não sei escrever. E isso é claro, olha quanta volta eu to dando aí em cima pra chegar a: lugar algum, to só com vontade de escrever. Daí eu tinha um plano de vida: Faço letras, aprendo a escrever, viro jornalista, fico famoso, fico lindo, fico rico, morro.

Só que claro, eu não sei sonhar baixo e na hora de preencher a inscrição eu pensei bem e, porrãn, quatro anos só aprendendo a escrever é UM POUCO DEMAIS, EIN. – Dizia o Humanaszinho. HAHA. Vou logo encarar o jornalismo, WHO CARES com nota de corte? Vamo enfrentar essa parada aí. Rir pra não chorar.

É óbvio que eu não passei em jornalismo? E pensar que minha nota da época daria pra passar tranquilão em letras, ou administração – curso que me formei de fato em uma faculdadezinha de merda – ainda tira o meu sono às vezes. Saí do jornalismo porque com aquele valor de mensalidade na Privada (risos) que eu tava fazendo não me restava verba pra MAIS.NADA. E olha que nem trabalhar eu trabalhava. Eu to falando de VERBA ALHEIA. Fui atrás de algo mais rentável (engano!) que era a administração.

O resto da história todo mundo conhece.

Quer dizer, não deu nada certo. Mas eu me acho jovem o suficiente pra tentar de novo. Posso? É, toda essa volta pra falar que eu to numa vontade louca de fazer Letras. É o que eu quero pra vida? Não sei. Depois vou querer fazer jornalismo? Não sei. Vou trabalhar com isso? Potencialmente não. Mas eu só SINTO que preciso fazer isso. É como uma fase de vídeo game que você conseguiu passar, mas sem pegar todos os bônus, sabe? Aí lá na última tela você descobre que faltava aquela chave dentro do baú que você usou só pra subir no muro.

Acho linda a minha vontade. Mas né, nesse mundo querer não é poder, pelo menos não de imediato. Daí que todo ano eu me convenço de todo esse blábláblá que agora eu to expondo. E o que acontece? Nada, porque eu sou um acomodado. MAS EU PRECISO MUDAR.

Esse ano vou prestar aquele velho vestibular, que há seis anos atrás eu jurei nunca mais prestar. Vou passar? Provavelmente não. Porque eu não estudei nem pra apresentação do meu trabalho de conclusão de curso e você acha que eu to estudando conhecimentos do ensino médio? Pã!
Mas se eu não fizer isso, não vou começar nunca a estudar. É bom fazer uma dessas provas pra gente relembrar também, né. Faz tanto tempo que não passo mais de quatro horas com o cu na cadeira de madeira. Vai ser bom. Eu acho. E é um avanço enorme eu partilhar isso aqui, sabendo que mesmo que meu nomezinho lindo não aparecer lá na lista, tudo bem também, eu já fiz muito mais coisa pra me envergonhar nessa vida.

Que com isso eu me liberte pra mais coisas. E que eu pare de publicar posts que só o Word lê. Quero que o mundo (oi, Érika, só você me lê.) me leia. ABS. Sendo eu certo, ou errado. Mas sendo alguma coisa, seja lá o que for.

Já tão zuado isso aqui que vou terminar com uma música:




quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Srs polícia


É oficial, estou dirigindo. Ainda não digo que bem. Desviar de buracos ainda é um sério problema pra mim, o carro dá umas engasgadas sem motivo aparente, os ônibus teimam em me dar farol alto quando eu to na direita, ninguém entende que o motivo de parar longe do carro da frente é porque eu espero que façam o mesmo comigo.

Eu achei que esse processo seria bem mais doloroso do que de fato foi. Cheguei a cogitar ter aulas de volante com um psicólogo, SEI LÁ, eu tava desesperado e tenho prazo pra começar a dirigir sozinho. Meu emprego tá dependendo disso aê, não dá pra bobebar. Tem mais gente contando comigo nisso. Eu dirigindo foi pura NECESSIDADE, eu nunca tive vaidade, orgulho ou VONTADE de dirigir. Sério, nunca quis. Tirei carta porque tava na idade, tipos fazer catequese.

Daí que comprei o caralho do carro e não teve saída, vamo aprender a dirigir. Meu pai me acompanha toooodo dia pro trabalho de manhã e volta com o carro pra casa, porque eu ainda me cago de ir sozinho. Tinha problema com caminhões e no meu caminho tem terminais de carga, tinha problema com rampas e no meu caminho tem umas subidas que mais parecem looping. Treinei, treinei e treinei. Pronto, passou, tá tudo bem agora. Falta a prática, mas eu sei que posso parar numa subida e não vou passar – tanto – vexame.  Quanto aos caminhões eu ainda solto uns gritos quando algum passa perto, mas TO SUPERANDO.

Daí que hoje, to eu lindo e maravilhoso próximo já do trabalho e eis que surge um SR POLÍCIA no meu próprio caminho acenando para que eu: parasse? Fiquei na dúvida e meu pai me lembrou que eu deveria PARAR hahaha Gente, que sensação terrível. Era como se eu tivesse roubado um carro, fosse um fugitivo internacional e no porta-malas eu estivesse carregando 300Kg de cocaína. A gente ta com tudo certo, documentação em dia, mas o psicológico NÃO ENTENDE.

Bom dia, seus documentos e a documentação do veículo. E CADÊ a coordenação motora pra tirar os documentos da carteira? Sério, eu tremia tanto, mas tanto. mas.TANTO. Fico pensando se esse pavor rola com todo mundo. Porra, eu não tinha NADA de errado, mas o medo tomava conta. E ter medo de quem – teoricamente, veja bem, utopia etc – ta ali pra cuidar da gente é uma parada totalmente irracional. Pediram meu endereço e telefone, acho que tinham meta pra cumprir, sei lá. Depois que ele devolveu os documentos e desejou um bom dia, saí todo atrapalhado dando ré – estamos trabalhando nisso – e vi que outro cara do meu trabalho também estava sendo parado.

Ufa, né, pelo menos não sou só eu que tenho cara de que precisa ser parado em batida policial. Saí de lá pensando se isso não é uma forma de identificar a pessoa. Se nego se treme todo, certeza que tá tudo certinho. Se agir normalz é porque OPA, tem alguma coisa errada nissaê. Lógico que inquietação e olhos dilatados devem ser levados em conta, mas deveriam adotar o nervosismo de quem ta passando por isso como fator decisório pra liberar mais rápido a passagem. Not fair. Cagaço ficar lá com os Srs polícia.

Chegando no trabalho ainda tive que ouvir piadinha, porque eu contei que os polícia pediram o telefone e o outro cara disse que pra ele não pediram nada não. No cu dos outros é refresco, blz. Minha prima me contou que a primeira vez que a pararam ela já tinha 30 anos DE CARTA. Se tremeu toda também, desaprendeu a falar. Ainda bem que já foi logo comigo, era um dos meus medos.

E assim como todos meus medos: acontecem. Mas é bom, porque daí eu já vejo que não é assim aqueeeeeeeele monstro que eu imagino. Ainda tenho medo de atropelar ciclistas e velhos atravessando a rua. Não percam os próximos capítulos.