sábado, 18 de agosto de 2012

Recomeçar.


Finalmente! As aulas do cursinho começaram. Eu teria inúmeras coisas a dizer sobre tudo o que está acontecendo. Como estou cansado, como ando com sono, como ando com fome. E claro, como me sinto desesperado, em saber que é tão pouco tempo pra se ver tanta coisa. Em como a gente está atrasado, quando paramos para comparar com outras pessoas que estão há anos se preparando pra essa prova de vestibular. Eu pensei em falar sobre as aulas, como é bom rever alguns conceitos. Queria falar sobre o que de fato estou vendo no cursinho, a matéria, aquilo que eu vou ter que entender e gravar para usar na minha prova. Mas a primeira percepção que eu tive do cursinho vai um pouco além disso.
Eu nunca fiz cursinho. No colégio, havia uma ‘turma de cursinho’ de finais de semana, mas era com os mesmos professores das aulas normais, parecia sempre ser sempre, só mais do mesmo, sabe? Não fazia sentido e não me preenchia.

Tem o fato também de estar fazendo um cursinho popular. Querendo ou não, o discurso de quem está lá na frente é um pouco diferente. Meus professores parecem ser aquele tipo  de jovem militante, que você vê em notícias ou então conhece na beira de um bar, tendo um papo filosófico enquanto toma uma cerveja e depois não vê nunca mais na vida.

Como um deles citou durante alguma aula, o cursinho é mais do que passar no vestibular. A intenção deles é, de verdade, fazer com que as pessoas pensem diferente e sejam críticos com absolutamente tudo. A não aceitar as coisas, a não ser pacifista. A exigir porquês, a questionar notícias, questionar situações e questionar, inclusive, a nós mesmos: que porra louca toda é essa que está acontecendo.
Acho que de toda minha vida, essa foi uma das semanas mais reflexivas que tive. E com assuntos que até então eu sequer me preocupava. Provavelmente é a nostalgia, desses momentos de caderno, lápis, caneta e lousa. Com a diferença entre o professor de colégio, tão distante e o professor de cursinho, tão próximo.

Não só fisicamente, ta?

Ouvi dizer essa semana que eu estava visivelmente um bagaço, cansado e com sono. Mas que o brilho no meu olho já estava diferente, que eu estava mais feliz e mais motivado. E estou mesmo. Eu me sinto exatamente assim. Não sei que lavagem cerebral é essa. Não sei de onde essa motivação contagiante de mudar de vida e de mudar o mundo está vindo. Mas tá funcionando!

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Textos que nunca terminei #2

Daniel

Gemidos baixinhos enquanto Daniel se masturbava, assistindo uma garota maravilhosa pela internet. Sua mente corria por todo o corpo moreno, queimado de sol, de Carolina. E só parou quando ela avisou que já estava de saída. Ele apenas fechou os olhos e deixou que a imaginação terminasse o trabalho. Nu na cadeira, jogou a cabeça para trás e gozou sobre sua barriga muito bem definida.
Ainda respirando forte e ritmado, procurou algo a sua volta. Encontrou uma garrafinha de Amarula vazia, que havia ganhado de Pedro, seu colega de quarto, junto com mais três garrafinhas. Miniaturas de cachaça, tequila e vodka. Uma delícia.
Coletou delicadamente tudo o que havia liberado e apertou forte a garrafinha. Ainda sujo, levantou-se, foi até o banheiro que havia dentro do quarto, pegou um pedaço de papel e limpou-se. Foi até a janela e acendeu um cigarro, fumou olhando a praia. Sua praia, como ele gostava de imaginar. Cada pedacinho daquela orla era dele, por direito adquirido.
Gostava do mar, gostava do cheiro do mar. Lembrava de sua infância e de quando ia com sua família navegar. Seus pais sempre foram muito bem afortunados e o iate da família não parava um final de semana sequer na marina. Ele tinha uma Polaroid e tirava fotos de todos os momentos. Dos peixes que seu pai pescava, de sua mãe com a bóia em alto mar, de seu irmão menor, dos detalhes do barco, do céu, das nuvens. Do que surgisse.
Hoje, aquelas e tantas outras fotografias estavam em caixas, muito bem guardadas. A mãe de Daniel descobriu logo a beleza do filho era única e de futuro fotógrafo, passou a ser o fotografado. Books e mais books feitos à custa de seus pais. Desfilou inúmeras vezes. A família era bem relacionada e convites não faltavam. ‘Menos televisão’, dizia sua mãe, ‘Meu filho é pra ser admirado, não vendido’. Era um conceito louco que ela tinha. Não adiantava discutir. Moda era arte o resto era feira.
Apagou o cigarro num cinzeiro que ficava numa cômoda próxima à janela e foi novamente ao banheiro. Ligou o chuveiro. Água gelada. Entrou delicadamente, deixando cada filete d’água tocar seu corpo trabalhado. Passou a mão pelo peitoral, se ensaboou com sabonete líquido e uma esponja macia. Lavou seus cabelos castanho-claros, queimados naturalmente do sol nas pontas. Desligou a água após um tempo e bagunçou os cabelos, molhando tudo a sua volta.
A água respingou no espelho acima da pia, pelo chão, pelo vaso e pelo outro garoto que o estava seguindo o tempo todo pelo quarto, com sua filmadora à mão.
‘E corta’
Daniel sorriu e pegou a toalha branca, que estava pendurada ali perto. Sorriu e fez um cafuné, bagunçando um pouco mais os cachinhos de Yuri, seu colega de quarto, que estava quase deitado no chão do banheiro, buscando um ângulo diferente do comum.
Saindo pela porta do banheiro, ainda enxugando o cabelo, pegou uma sunga qualquer da sua primeira gaveta, uma camiseta preta e uma bermuda xadrez. Ajeitou o cabelo rápido, sem se olhar e saiu.
- A Carol ta chegando, vou comprar um cigarro e encontro vocês no Tranquêra.
-Ok.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Louco.


 
É o que eu mais tenho ouvido nesses últimos dias. Que sou louco, que faço as coisas no impulso, que não to pensando nas consequências, que quero vida-boa, que eu vou me arrepender...
Conversei com meu chefe, me coloquei à disposição o tempo que for necessário (ainda este ano) na empresa, pra deixar tudo redondinho, mas que ó, um beijo aê, não agüento mais e PRECISO sair desse(s) emprego(s).
Vai fazer um mês mais ou menos que eu comuniquei. Fui honesto com ele e comigo, eu acho. Me orgulho disso. Tenho pra mim que ele ainda não aceitou a ideia, ou melhor, que ele ainda não ACREDITA na ideia que eu esteja mesmo indo embora daqui. Comoção geral, todo mundo me fazendo chorar quando pode, sabe? Até gente que eu nunca tive muita proximidade veio ‘admirar’ meus atos, mas pedindo para que eu reconsiderasse.
Mal sabem que nada disso é sem pensar. Há praticamente um ano atrás eu já tinha cantado essa história.
Faltou coragem.
Mas agora ela veio. Não sei como vai ser, não sei o que vai dar certo, o que vai dar errado. Talvez voe merda para todos os lados, mas quer saber? Que voe. Diz a Omo que se sujar faz bem. Eu quero poucas coisas nessa vida. Quero um amor, um cantinho e um salário que dê pra pagar meu cigarro e minhas pingas de vez em quando. Não parece tão complicado, mas é. (será?)
Com esse meu emprego, o meu cantinho idealizado ficaria longe demais, o amor eu parei de acreditar (mentira) e o salário, sinceramente, eu não achei que estava compensando. Lembro na faculdade, em alguma aula perdida de comportamento, a professora explicando que salário não era fator motivacional, porque não era permanente, ele podia dar uma MASCARADA na situação, mas que logo a melancolia da situação iria voltar. Comentava ao mesmo tempo com meus amigos: fofo, me pagando bem eu aguento qualquer coisa (ui!). Oh, língua maldita. Paguei, obviamente. Hoje sei que salário não motiva porra nenhuma. Porque existe um pequeno segredo nessa vida que é: saber sua realidade. Quando eu ganhava um terço do que ganho hoje, juro que fazia MUITO mais coisas do que faço agora. Sobe receita, sobe despesa. Não precisa ser formado pra saber disso. Lógica.

Claro que eu sei que as chances de alguém, que não abre um livro pra estudar faz uns anos (risos), passar na USP com uns meses de cursinho chegam a... NÃO EXISTIREM? Haha E eu não to criando expectativa nenhuma não, to indo com calma e se não der agora, vai dar no próximo ano. O que é um ano na nossa vida, né?

Como respaldo, posto esse comentário da Érika no post que eu escrevi no ano passado:
"Eu não posso garantir que você vai trabalhar com Jornalismo, que vai ser bem sucedido e feliz em Letras, que administração não é a sua. Só quem pode dizer qual é a sua é você mesmo (vim de uma discussão sobre "escolhas" e a palavra tá piscando no meu cérebro aqui).

Mas você não tem nada a perder (só o dinheiro da inscrição etc), então por que não? Sei lá, não te vejo discutindo Baudelaire, Shakespeare ou Guimarães Rosa, mas vejo você escrevendo. Porque você TEM um estilo seu, isso é um bom passo já. E é uma das coisas que mais ME preocupa, porque oi, gosto de escrever, de literatura, mas acho que sou "certinha" demais com gramática e acabo sufocando minha criatividade e personalidade com isso. Você não, você é muito autêntico. E autenticidade conta muito nesse mundo.

Dou a maior força e torço pra que você descubra que isso era tudo o que você sonhava na vida :)”
E é isso.
Boa sorte pra mim, que voltei a ter 16 anos.